Histórias Sem Regresso [fotografia, livro] Museu Júlio Dinis — Uma Casa Ovarense, Ovar de 22 de Setembro de 2018 a 4 de Janeiro de 2019 Histórias Sem Regresso é um ponto de paragem num caminho de Finisterras que Eduardo Brito tem vindo a cartografar desde 2009, entre a fotografia (Terras Últimas, Sob A Luz Quase Igual e Passing Place), o cinema (Penúmbria) e o texto (As Orcadianas). Neste caso, a permanência acontece em torno de São Jacinto e da Ria de Aveiro, através da imaginação quase sempre sombria e despojada dos lugares de extremos, através do imaginário de histórias de quem lá volta, uma ou outra vez. Histórias Sem Regresso, com Joana Mendes, Ricardo Vaz Trindade, Lula Pena e Valdemar Santos. Livro-caderno [ao qual pertence o texto abaixo] com textos, imagens e ensaio de Susana Ventura à venda no Museu. Encomendas para [email protected]. Pvp: 5 euros // Programa 11 de Outubro de 2018 Museu Júlio Dinis, 22h00 Projecção de curtas-metragens e vídeos escritos e realizados por Eduardo Brito, com a apresentação de Tiago Alves: O Facínora (Paulo Abreu, 2012), A Glória de Fazer Cinema em Portugal (Manuel Mozos, 2015), Penúmbria, Where’s Your Memory? e Declive. 6 de Dezembro de 2018 Museu Júlio Dinis, 22h00 Eduardo Brito + Álvaro Domingues Conversa à volta do Tanque A partir das imagens de Histórias sem Regresso, o geógrafo Álvaro Domingues - autor de Volta a Portugal, Rua da Estrada e Vida no Campo, obras fundamentais para a compreensão do território português - e Eduardo Brito conversam sobre imagem, imaginários, território e Ria de Aveiro. 7 de Dezembro de 2018 18h00 — Visita guiada à exposição // Encontro um homem sentado num cais. Faz poemas, versos, rimas a pedido ou de improviso, olhe só, queria ser um marinheiro/ e ter uma mulher em cada porto/ mas tarde ou nunca se endireita/ aquilo que nasce torto. Pergunto-lhe o nome, ele diz-me Luís Vaz. Não minto, continua, e mostra-me o bilhete de identidade para que o comprove. Jamais mentiria a um homem como o senhor, é parecido com um amigo meu. Depois, diz-me que viu tudo. Sabe, ela esteve aqui na ria a observar os pássaros, vem todos os anos, mas também me disseram que desta vez tinha vindo à procura da outra, da que desapareceu por alturas em que você a encontrou na praia a chorar, eu bem sei, estava atrás na duna a olhar, vi tudo. Chamava-se Ema, era filha do Manel e de uma nórdica. O Manel era um de cá que foi para os mares do norte pescar bacalhau e que depois de se perder no nevoeiro uma vez ganhou tanto asco ao mar que ficou uns anos largos a trabalhar nas madeiras na Noruega, casou lá e tudo, disse-me a minha mãe que já mal se lembra das coisas. Mas sabe, também esteve aqui a polícia. Andavam a vigiar o Firmino desde que ele voltou para cá. Ou à procura da outra, já nem sei. A gente bem os via aí a rondar, carro discreto, acho que eles suspeitavam que o Firmino tinha feito alguma coisa outra vez.Andaram a vas- culhar o celeiro, mas deviam ter ido ver a casa azul. Depois foram-se embora, nunca mais cá voltaram, nem a polícia, nem o Firmino, nem a rapariga da praia. Nunca mais ninguém os viu. Pode ser que a Ema volte para o ano, volta sempre. |