|
5 p.m., Hotel de La Gloria Eduardo Brito & Rui Hermenegildo Encontros da Imagem - International Photography Festival, Braga Galeria Janes - Rua do Souto, 21 de 24 de Setembro a 1 de Novembro de 2015. |
Ao minuto 52 da longa metragem The Passenger (Michelangelo Antonioni, 1975), David Locke, sob a pele de David Robertson, abre uma agenda: um grande plano mostra que a 11 de Setembro de 1973, às 5 p.m., há um encontro marcado no Hotel de la Gloria, em Osuna. É para lá que se destina o caminho de Locke, é no Hotel de la Gloria que o filme irá confluir no célebre plano sequência de sete minutos, o antepenúltimo do filme. Osuna é uma cidade a 89 quilómetros de Sevilha, conhecida, entre vários atributos, pela sua cripta ducal, referida por Lorca em Jogo e Teoria do Duende em 1933. Porém, Antonioni decidiu filmar Osuna e o seu Hotel de La Gloria - especificamente construído para o filme - em Vera, a 363 quilómetros de Osuna. Ao decidir filmar Osuna em Vera,Antonioni transformou a primeira cidade num lugar duplamente imaginário: se já o era na ficção que dá corpo ao filme, passa a sê-lo enquanto cinema feito. Locke viaja até ao Hotel de la Gloria, em Osuna, concebido e realizado em Vera. 5 p.m., Hotel de la Gloria é um trabalho de Eduardo Brito e Rui Hermenegildo feito em Osuna, a partir do referido plano antonioniano. Através da imagem fotográfica, este plano cinematográfico é convocado na sua localização e movimento imaginários em Osuna: assim se relocalizando, enquanto fotografia e ficção sobre a ficção, no lugar para onde o cinema o remete. 5 p.m., Hotel de la Gloria é portanto uma deriva pela impossível materialização (ou imaginação) de um lugar, de um encontro marcado na grande ilusão do cinema. 13 imagens, 50x40cm, impressas em papel fine art. 5 p.m. no contexto dos Encontros por Lunettes Rouges — Amateur d'Art (Le Monde Blogs) [pt | fr] Samuel Silva — Público // On the 52nd minute of Michelangelo Antonioni’s “The Passenger” (1975), the protagonist David Locke, under David Robertson’s skin, opens a small notebook diary. In the page, a hand written schedule predicts a meeting at Osuna’s Hotel de la Gloria, next September 11th, at 5 p.m. After this close shot, the narrative drives towards the small Andalusian town, located 89 km east of Seville, concluding in the film’s legendary penultimate shot. Antonioni decided to shot the ultimate Osuna sequence in Vera (a town located in Almeria, 363 km east of Osuna). Due to this dislocation, the Andalusian town turns into an imaginary place: in the fictional layer, Osuna is represented in Vera; and in the materialization of that fiction, Vera is conceived and meant to be Osuna. Though the sequence is shot in Vera, the author maintains the Andalusian reference: the scene happens in Osuna. What if Antonioni had filmed this sequence there? And what sort of images the same camera movements would have generated in other place? 5 p.m., Hotel de la Gloria is a work by Eduardo Brito and Rui Hermenegildo, set in Osuna,created after the antonionian shot. Through the photographic image, this shot is represented in its imaginary location and illusory movement in Osuna. Thus its location, as a photographic work comprising a fiction over a fiction. 5 p.m., Hotel de la Gloria is a drift through an impossible materialization (or imagination) of a place, of a scheduled meeting, set in cinema’s great illusion. 13 images, 50x40cm, fine art paper. 5 p.m. on the Encontros context by Lunettes Rouges — Amateur d'Art (Le Monde Blogs) [pt | fr] Samuel Silva — Público [pt] |